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Riscos do "Desafio da Farinha" e por que as farinhas são enriquecidas?

As famílias em casa tendem a encontrar meios para se entreter, para passar o tempo, já que tem vezes que ficar maratonando séries e filmes pode dar um cansaço. Recentemente, um desafio de perguntas e respostas, onde o perdedor tem que mergulhar o rosto em um prato de farinha, o "desafio da farinha", viralizou nas redes, com adesão de alguns famosos.


Reprodução/Pixabay

A interação entre a família é importante e saudável, ainda mais em tempos de quarentena. Mas especialistas alertam para os riscos associados a essa brincadeira.


Em matéria do G1, o pediatra Maurício Cavalcante ressalta que o desafio, que parece inofensivo, deve ser evitado, pois pode trazer riscos para a saúde e, nos casos mais graves, pode provocar uma pneumonia química.


“A farinha pode atingir os olhos, pode ser inalada pela boca ou nariz. Nos olhos, ela pode causar uma conjuntivite química por causa da irritação com a farinha, pois ela é um corpo estranho na conjuntiva. Na via aérea, ela pode provocar rinite, faringite, principalmente em pacientes que têm tendência a alergias”, explicou.

A farinha de trigo tem componentes químicos, como tudo nessa vida. Os problemas associados ao contato com olhos e via respiratória não é em função da presença de um componente químico que faça mal aos humanos, nos teores presentes nas farinhas. Afinal, a farinha é um ingrediente comum em nossa alimentação diária (pães, bolos etc). O problema em si que que as partículas finas são corpos estranhos quando entram nos nossos olhos e vias respiratórias, tal como partículas de poeira, o que é provavelmente a causa de irritações da conjutiva e de alergias respiratórias.


O amido é um componente majoritário de farinhas, que também são enriquecidas com ferro e ácido fólico.

Estrutura do ácido fólico

O ácido fólico é uma vitamina hidrossolúvel pertencente ao complexo B (vitamina B9) importante para a formação de proteínas estruturais e hemoglobina. Em 2002 a Anvisa publicou a Consulta Pública nº 51 prevendo a fortificação de farinhas de trigo e milho com ácido fólico, que teria por objetivo prevenir a má formação do tubo neural (estrutura precursora do cérebro e da medula espinhal) no feto.


O ferro é um elemento essencial, e o enriquecimento da farinha com este é uma medida para a redução do índice de anemia ferropriva em crianças. Essa medida em estudo divulgado na Revista de Nutrição de Campinas no ano de 2010 apontava uma prevalência de anemia de 60 % em crianças menores de cinco anos atendidas em Unidades Básicas de Saúde.


Mas que espécies de ferro são utilizadas? Não, o ferro não é colocado na forma metálica. Neste caso, são colocadas espécies com elevada biodisponibilidade de ferro, ou seja, são compostos que durante as etapas da digestão liberam as quantidades necessárias de ferro, que vai desempenhar suas funções no organismo. De acordo com a Anvisa, os compostos de ferro permitidos pela RDC n. 150/2017 para o enriquecimento das farinhas são: sulfato ferroso; sulfato ferroso encapsulado; fumarato ferroso e fumarato ferroso encapsulado. O estabelecimento desses compostos considerou aspectos de eficácia, segurança e questões tecnológicas.

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