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Trump sugere injeção de desinfetante para tratar a Covid-19

Atualizado: 26 de abr. de 2020

Parece absurdo, não é verdade? Como se alguém tivesse colocado essas palavras na boca do presidente dos EUA. Mas quem dera fosse uma fake news assim.


Presidente dos Estados Unidos Donald Trump em uma discurso

Em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira, 23 de Abril, o presidente Donald Trump afirmou que o uso de injeções com desinfetantes poderiam ser usadas para tratar a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). Obviamente, a sugestão deixou a comunidade médica e científica em choque, tratando este tipo de discurso como "irresponsável e perigoso”.


“Vejo o desinfetante, que derruba o vírus em um minuto. Um minuto. Será que há alguma forma de fazer algo, como injetar ou fazer uma limpeza em uma pessoa?”, disse o presidente. “Porque, veja bem, ele entra nos pulmões e faz um trabalho tremendo, então seria interessante checar isso. Será preciso ver com os médicos, mas soa interessante para mim”, completou (Veja).


Como se não fosse o suficiente, Trump ainda mencionou supostos estudos que apontam uma diminuição da atividade do vírus quando exposto ao calor, luminosidade e umidade, Chegando a fazer outra sugestão, para que a equipe médica pudesse testar um tratamento com luzes ou raios ultravioletas para o coronavírus. “Talvez seja possível, talvez não seja. Eu não sou médico”, disse.


OPINIÃO

O presidente estadunidense tem entrado em rota de colisão diversas vezes com a comunidade médica e científica. Vide a exigência da busca rápida de uma vacina feita a comunidade científica, que teve uma elegante resposta do pesquisador H. Holden Thorp no editorial da edição de Março da revista científica Science.


Apesar de várias vezes dizer não ser médico, as falas de Trump não estão equivocadas âmbito da medicina. Nem chega a tanto. Os equívocos são em coisas básicas. Sugerir colocar o interior do corpo humano exposto à substâncias químicas de produtos de limpeza, produtos estes carregando informações em seus rótulos que dizem para utilizar luvas, em contato com olhos lavar abundantemente com água, em caso de acidente (ingestão) procurar um médico, entre outras coisas.


Como alguém administra uma das maiores potências mundiais sugere tratamento médico sem ter as noções mais básicas de segurança doméstica?



"ELE É O PRESIDENTE, MAS IGNORE-O"


Sim, nada de inventar, de improvisar esse tipo de coisa. O uso de desinfetante (água sanitária) é de uso externo apenas, para higienização de superfícies e alguns objetos, tem uma matéria aqui no blog falando sobre como preparar soluções diluídas de água sanitária para higienização da sua casa.


A iluminação com lâmpadas ultra-violeta (UV) tem sim sido utilizada também por causa do novo coronavírus. Mas, no caso, não há exposição humana a essa radiação, mas sim o uso é direcionado a descontaminação de superfícies.

Cada tipo de radiação UV é responsável por causar algum dano biológico. A UV-A, por exemplo, causa alterações na pele e envelhecimento, enquanto a UV-B é responsável por mutações genéticas que levam ao desenvolvimento de câncer da pele. Apesar de mais perigosa, a radiação UV-C nesse caso está sendo direcionada exclusivamente contra o vírus, segundo um estudo da USP. A luz UV-C destrói a capa proteica e o material genético do vírus, tornando-o completamente inativo e interrompendo o ciclo de contágio.


CONSEQUÊNCIAS


Após as declarações do presidente estadunidense, Nova Iorque registrou um aumento no número de chamados de emergência relacionados a ingestão de produtos de limpeza.


De acordo com matéria do NY Daily News, o Centro de Controle de Envenenamentos administrou 30 casos de possível exposição a desinfetantes entre a noite de quinta e a tarde de sexta. Não foram registrados óbitos e ninguém foi hospitalizado. Os casos relatados foram sobre a possível exposição ao Lysol, um desinfetante vendido nos EUA, à água sanitária e outros produtos de limpeza em geral.






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